Velho, surrado, usado e as boas lembranças chegam.

 Imagens

A casa da fazenda dos meus avós em Minas Gerais, que chamamos de "sede", continua da mesma forma. Essa parte da fazenda, ficou como herança para um de meus tios, que não foi morar lá, mas deixou tudo como estava, e continua conservando, como possível.

Fez dois anos em Março, que estive lá, e fiz questão de dormir na casa.  

Eu só dormi lá uma noite, e quando acordei de manhã bem cedo, fui olhar toda a casa. Parecia que um filme passava dentro de mim, naquele momento. Quantas lembranças lindas!

Um dos lugares que mais gostava e gosto na casa é a cozinha, por causa do fogão à lenha, e a varanda, que dá de frente pra estrada, onde eu gostava de ficar olhando o gado pastar, os carros que passavam raramente, os cavalheiros, o ônibus que ia de manhã para a cidade, e só voltava no final da tardinha. Enfim, momentos inesquecíveis.

Na despensa tinha uma mesa encostada na janela, onde ficava sempre uma cestinha cheia de ovos, uma fruteira com as frutas colhidas no pomar, uma bacia  de alumínio com as verduras e legumes para o almoço.

Na outra parede, justamente na posicão desse armário na imagem acima, tinha (acredito que esteja no mesmo lugar) um armário muito parecido com esse. A única diferença que posso ver, é que o da fazenda tem duas gavetas, e não foi envelhecido com a pintura. Envelheceu com o passar do tempo. A outra diferença é que a portinha é de vidro, e nesse caso, trocaram por tela que é usada pra fechar galinheiro.

Essa imagem, me fez viajar no passado, nas doces lembranças de um dos melhores momentos de minha vida. Nessa despensa, eu sentia um cheiro tão bom, que não sei explicar de que, pois tudo era guardado lá. 

 Uma vez, eu estava em meu apartamento no Brasil, e senti o mesmo cheiro da despensa da fazenda. Era a saudade que tomava conta de meu coração de uma forma muito intensa.

 Saudade boa, sem dor, sem tristeza e sem choro.

Outra coisa que me fez refletir, foi o fato de muitas vezes termos em nossas mãos peça como essa e não a damos o devido valor.

E me fez lembrar um trecho de uma música do Pe. Fábio de Melo.

"A saudade é um lugar que só chega quem amou".