Obscuro, ilusório
Um mundo que não quero
Olham-me, poucos
Acolhem-me, menos
Entendem-me em sopros
De palavras ao vento
Um mundo que não quero
Olham-me, poucos
Acolhem-me, menos
Entendem-me em sopros
De palavras ao vento
O chão que piso
Também é teu
É do teu mundo esse escuro
Esse breu
Olho e percebo tudo ao redor
Deste mundo disforme
Inexato e abafador
Deste mundo disforme
Inexato e abafador
Nem só de verbo
se comunica o ser
Não são só palavras
É o corpo a dizer
Nosso país não me cuida
Com devida atenção
Negligencia minha existência
Porém, tudo em vão
Com devida atenção
Negligencia minha existência
Porém, tudo em vão
Sou alpinista
Escalando muros de preconceito
Sou o autista
Humano e possuo direitos
e sua escalada seja um vôo certeiro aos seus direitos....
Um país carente de olhar
De informação
Habitamos esse mar
De diferenças e confusão
Um país carente de olhar
De informação
Habitamos esse mar
De diferenças e confusão
Sou tantos Pedros,
Júlias e Marias
Sou dois milhões
De aflições e alegrias
Existo e peço
Que olhem mais para mim
E meu endereço
É o mesmo mundo sim!
MAZU GONÇALVES
ARTERAPEUTA –Apae Várzea Paulista
Eu pedi permissão para a Marie Dorión, que é mãe de dois autistas e faz um trabalho no sentido de esclarecer e ajudar as famílias , para publicar o poema aqui.
Me senti movida a fazer essa pequena homenagem, pois esse poema mexeu demais comigo e me comoveu.
Sei que sou menos que uma gota nesse imenso mar das fotos, mas não poderia deixar passar em branco esse dia tão importante, afinal, somos iguais perante a Deus.
O poema diz tudo não é necessário escrever mais nada, mas destaco :
" Existo e peço
Que olhem mais pra mim
E meu endereço
É o mesmo mundo sim"!
Para melhores esclarecimentos sobre essa causa vejam no post anterior e na Revista Austismo.
