Uma lata - Muitas lembranças e uma boa prosa


Não trouxe mais imagens de minha horta, pois vocês já devem estar enjoados de ver imagens parecidas, e nem é por falta de outras imagens, tenho muitas em meu arquivo. Mas, hoje, estou com vontade de conversar, bater um bom papo, ou uma boa prosa, como dizem lá no estado de Minas Gerais.

A minha horta continua produzindo. Tenho colhidos muitos legumes e verduras. Como são muitos, eu partilho com meus vizinhos e amigos. E, foi isso que me trouxe lembranças de minha infância, lá na fazenda de meus avôs. Dessa vez, não lembrei as brincadeiras com os primos, das cavalgadas e das artes que fazia por lá. Lembrei de uma linda senhora de cabelos brancos com o cabelo preso tipo coque; que sempre ia visitar minha avó. Elas batiam longos papos. Minha avó adorava receber visitas, e podia ser a pessoa mais simples ou a mais conhecida na cidade, que era recebida da mesma forma.

Essa senhoria vinha de longe, muito longe. Nas mãos, ela trazia uma lata, como essa redonda da imagem acima, cheia de verduras. Lembro-me claramente de uma lata dessas cheia de quiabos. Ela não voltava vazia pra casa, mas cheia de algo que minha avó a oferecia. Nesse dia dos quiabos, ela levou ovos.
Uma coisa que ficou gravada é que ela chamava a medida da lata, de "um litro". Ela dizia: Olha Dona Marvina (Malvina), eu trouxe um litro de quiabo fresquinho pra senhora. Mesmo sendo ainda pequena, isso me intrigava. Que medida é essa?  Eu pensava. Risos.

Também não foi a medida certa ou errada que me tocou nessas lembranças. Foi o fato, da troca de produtos. Muitas vezes, vi isso acontecer por lá. Não que era obrigatório, parecia gratidão. Se ela fosse com a latinha vazia, com certeza voltaria com ela cheia. Minha avó era uma mulher muito generosa.

Como já mencionei acima, eu distribuo a produção da horta entre vizinhos e amigos. Isso foi um motivo também, pra mais aproximação entre eles. Não que eu tenha feito de propósito, pois tenho uma facilidade enorme em fazer amizades. Isso foi acontecendo normalmente. E, como quase todos aqui têm horta em casa, acabamos por fazer troca de mercadorias. Risos.

Dei abobrinha pra vizinha, recebi uma cabeça de alho. Dei acelga para uma amiga de trabalho, ela chegou com uma sacola cheia de maças fresquinhas do quintal. Outra também levou acelga, e trouxe alfaces. Outra levou pepinos e trouxe biscoitos caseiros. Outra trouxe muda de suculenta, e levou outra que não tinha. E, por aí vai. Enfim, a partilha daquilo que temos de sobra.

Isso me trouxe doces lembranças de um tempo que nunca quero esquecer.

E vocês, já tiveram alguma experiência desse tipo?

Obrigada pela companhia e pela boa prosa!

31 comentários:

  1. Bom dia Lucinha!

    Lembro-me das latinhas...
    Como moro no interior, isto é uma prática muito comum, faço algo especial ou diferente, compartilhamos com os vizinhos queridos. Até pela net tenho feito, tem pessoas que são tão especiais como vc! Quando vieres p/ o Brasil avise, a Jubiart vai chegar até a casa da sua filha rsrsrsr.

    Tenha um dia luz!

    Bjãoooooooooo

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  2. Lucinha


    Que lindas recordações essa lata te trouxe e não podes ,nem deves mesmo esquecer. Que tal usar latinhas para essas trocas por aí?

    Adorei ver esses intercâmbios de hortas, bolachas, doces que conseguiste arrumar, aí, tão longe! Muto legal! Gostei muito! beijos,chica

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  3. BOM DIA MINHA AMADA !!!!!!
    AIAIAAAIAIAIAIAIIAIAIAIIAIAIAIAI !!!!!
    SUSPIROS E SUSSURROS VC ME PROVOCOU A ISSO!!!
    MENINA DO CÉU !!!!!!
    COMO PODE EXISTIR UMA PESSOA DE TAMANHA SENSIBILIDADE?
    SABIAS QUE VC ESTÁ PROIBIDA DE FALAR QUE ESTEVE OU ESTÁ DOENTE !
    POR FAVOR AFASTA TODO TIPO DE DEPRESSÃO E SOLIDÃO,POIS TENHAS O MUNDO AOS TEUS PÉS ...
    EU ME SENTI TÃO PEQUENA AGORA LENDO SEU POST,PORQUE SEI QUE VC ESCREVEU EXATAMENTE O QUE VIVI AQUI NO MEU CHÃO QUANDO CRIANÇA,ADOLESCENTE E VIDA ADULTA(HOJE IDADE MODERNA)MINHA QUERIDA,DESDE A LATINHA DO ÓLEO SALADA ATÉ A SUA VOZINHA,ISSO ME LEVOU A UMA GRANDE VIAGEM E VEJO QUE NÓS BRASILEIROS,ONDE QUER QUE ELE TENHA NASCIDO ,O SENTIMENTO É O MESMO.TUDO QUE VC VIVEU EU TBM VIVI,RSRSRSRSRS. ISSO NOS FEZ SER SERES SENTIMENTALISTAS.
    ENCERRO MINHAS PALAVRAS ,DIZENDO QUE VC TEVE O PODER DE ME LEVAR A UM PASSADO DISTANTE,MAS QUE FOI TÃO PERTO,FOI SIMPLESMENTE NO FINAL DO SÉCULO PASSADO...
    BJS MINHA FLOR !!!!!

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  4. É a troca de amor, a partilha da solidariedade.

    Acho muito legal essas trocas. Pena que actualmente,, nas grandes cidades, a correria e o " não olhar" para o outro distancie cada vejamos as pessoas. Dividir, partilhar e trocar não é atividade muito comem. Uma pena : (

    Beijos

    Selma

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  5. Esta lata te fez lembrar a infância? A lata quadrada fez lembrar a minha. Minha mâe (vó Tita) plantava onze horas nessas latas quadradas, abertas do lado maior e pendurava aos montes no tanque que era lá fora no quintal.
    Boas lembranças, beijos

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  6. Essas latas eram úteis; desde um ralador a pequenos vasos pregados nas paredes do corredor da casa da minha avó. Você foi lá no fundo buscar essas lembranças! Obrigado. Boa semana, Lucinha!

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  7. Lucinha, acho que é isso que falta em muitos, a troca, o amor. Beijos.

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  8. I would swap flowers with my neighbour

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  9. eu lembro dessa lata de óleo de latão!

    Hoje em dia acho que não é tão comum estas partilhas, para quem mora em ap principalmente, mas mês passado uma amiga de família me levou em pedaço de bolo e um pedaço de torta de frango, e levou rosquinhas de nata que tinha feito :)

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  10. Lindo. E dá vontade de falar dum tempo passado, em que não havia moeda, já que os ordenados eram baixinhos e mesmo parte do trabalho era muitas vezes pago em géneros alimentares, um pouco do produto agrícola.
    Hoje perdeu-se um pouco a consciência das dificuldades, mas esta entrada sua, sobre troca de produtos, mostra que estas trocas eram resultado de generosidade e não de obrigação, mesmo!
    Além das trocas, sobretudo, ovos, farinha, azeite e outros géneros, os meus pais contam que na altura que não havia dinheiro no bolso, as pessoas não tinham 3 tostões para comprar uma caixa de fósforos, então pediam brasas aos vizinhos para acender o lume; também era prática corrente emprestar o ferro de engomar à vizinha, para passar o vestuário; curiosa era também a prática de emprestar o fermento ou emprestar pão ao vizinho até que este cozesse e devolvesse o pão que tinha pedido emprestado, mas ninguém regateava o tamanho ou o sabor do pão. Era assim que se reforçava os laços de uma comunidade.
    Peço desculpas por este longo comentário, mas este post trouxe-me todas estas lembranças.
    Beijo
    Paula

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  11. lindas lembranças Lucinha, minha irmã Maria Alice artes de vó Tita disse tudo, beijos

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  12. até suspirei....e tudo não podia ser assim? cada um no seu quadrado, cada um na sua horta, ai a gente trocava com um, com outro....em paz e em harmonia!
    :-)

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  13. voltei, por conta disso, quando eu era criança, eu nao sabia que existiam FLORICULTURAS....eu achava que a gente ia na casa da pessoa e falava: me da uma mudinha? e pronto!

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  14. Oi, Lucinha,

    Faz tempo que eu não vivo mais esta prática, infelizmente, pois é uma coisa muito positiva. Acho que o compartilhamento envolve também boas energias e o que há de melhor no convívio humano!

    Um beijo!

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  15. quanto mais dividimos amor
    mais ele se multiplica.

    adoro vir aqui.


    beijo

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  16. Essa lata de óleo também faz parte de minhas lembranças, Lucinha.
    Não de troca de presentes. Mas que comprávamos óleo nessa lata.

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  17. Olá Lucinha, belíssimas recordações que se prolongam agora nessas trocas maravilhosas com os seus vizinhos aída NZ! Quando era criança isso também acontecia no interior onde fui criada! E agora sei que minha mãe também oferece e recebe algumas coisas das amigas na terra onde nasci e para onde os meus pais retornaram já há alguns anos.Por aqui, arredores de Lisboa, isso não se vê tanto! As pessoas quase andam de costas viradas, o que me entristece. Um beijinho e grata por lembrar esses maravilhosos tempos com os seus avós. Beijinhos Ailime

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  18. Eu lembro das latinhas, meu pai colocava uma alça de metal e transformava em canecas gigantes. Tinha um gosto de lata! rsrsrs
    Que bom esse intercãmbio com teus vizinhos amigos. Isso só faz fortalecer os vínculos da boa vizinhança; Com certeza tem a lembrança da Dona Malvina que te ensinou a doar-se.
    (eu queria ser sua vizinha!)
    bj
    zizi

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  19. Lucinha,

    Voltei pra agradecer os comentários lindos por lá! beijos, ótimo fds! Aqui friozinho e chuvoso! chica

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  20. Ô, saudades! Lembro-me perfeitamente delas! (as latas). A partilha era a forma concreta de demonstrar o apreço entre as pessoas! Minha família era assim. Até hoje, aliás! Isso dignifica, cumula de bens e é o que podemos levar na nossa última jornada. Grande abraço e final de semana. Senti falta da sua participação no Green Day! Beijos!

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  21. Carinhosamente venho desejar
    um feliz e abençoado final de semana.
    Anjo lindo você esta entre amigas (os)
    Destaque do mês esta no final da postagem.
    Beijos e carinhos na alma...
    Evanir...

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  22. Olá Lucinha, tinha acabado de ler o seu comentário na minha rota, quando espreitei a TV, porque aqui estão sempre a transmitir em direto notícias sobre o Papa Francisco! Foi na verdade uma grande bênção para a nossa Igreja a sua eleição. O Espírito Santo agiu mesmo no coração de todos os cardeais presentes. Então dizia eu, o Papa Francisco reuniu-se com os cerca de 6000 jornalistas que fizeram a cobertura para todo o mundo e com a sua simplicidade agradeceu-lhes o trabalho, o muito trabalho que tinham tido por estes dias:))! Depois acrescentou sobre o motivo da escolha do nome Francisco. E disse:" vou contar-vos uma história. Um Bispo brasileiro:)) que estava próximo de mim quando a votação estava a atingir os 2/3 abraçou-me, beijou-me e pediu-me uma Igreja pobre para os pobres e no eu coração apareceu o nome de Francisco, Francisco de Assis". E, Lucinha, vim a correr para o meu PC partilhar esta notícia, porque sei que vai ficar maravilhada. Um Bispo brasileiro teve influência no nome do novo Papa. Que Deus continue a iluminar este santo Homem para bem de todo o Mundo. Um beijinho e bom-fim-de-semana. Ailime

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  23. olá amiga, encontrei seu blog nos destaques da amiga evanir, parabéns.. adorei seus textos e fotos, sua horta parece ótima, quem dera ter espaço para uma assim por aqui também.. hehehe.. essa troca de gentilezas acontece por aqui também, embora não tenhamos tantas coisas a oferecer, sempre que ganhamos um pratinho, ele não volta vazio para o dono, hehehe, tradição da época da minha avó tb.. beijos mil e ótimo domingo..

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  24. Oi Lucinha
    Gostei muito do seu blog, já estou te seguindo. Muito legal o seu jeito de escrever, bem espontâneo.
    Bjos.
    http://ashistoriasdeumabipolar.blogspot.com.br

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  25. Sim me lembro bem delas e gostosa criatividade para uso delas, beijo Lisette.

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  26. Lembro da imagem dessa lata, mas não sei de onde. Ela não existe mais! Como muitas outras coisas que ficaram em nossa memória e que basta um puxão do fio, para que venham à tona.
    Meu pai era urbano e a minha mãe era filha de fazendeiros. Consequentemente a família continuou na labuta, mesmo que tivessem casas na cidade. Em casa, recebíamos muita coisa vinda da fazenda e era tanta coisa que a minha mãe distribuia entre os conhecidos e vizinhança. O lema era não deixar perder nada pois era "pecado". E eu penso dessa forma até hoje. Acho que é um "pecado" ter coisas em excesso, sendo que outras pessoas podem precisar e pior, necessitar. Atualmente moro longe dessa fartura da casa dos pais, mas toda a semana, recebo do meu caseiro "novidades". Como a gente se ajuda, ele tem prazer em mostrar o que produz em um sítio. Ficamos ambos felizes, mesmo que de vez em quando ele traga ingredientes que nunca vi na vida, como um "rezai por nós" para colocar no feijão :)
    Boa semana!! Beijus,

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  27. Olá Lucinha,
    Bela prosa, comovente na saudade e tão real nas lembranças.
    Já não tenho avós, mas conheci as duas, uma baixinha e a outra muito alta e, ainda sinto a falta do colo e o cheiro daqueles cabelos brancos.
    A minha vizinha do lado, bem velhinha, por vezes preenche esse espaço.
    Como estou junto ao mar, por vezes pego na cana e na volta dou-lhe um peixinho ainda a brilhar.
    No dia seguinte, ao toque da campainha, ela aparece a sorrir com um pratinho de arroz doce, ainda a fumegar.

    Abraço grande

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  28. oi Lucinah
    so podia ser você - começar a troca de colheitas
    coisas que se fazia antigamente , agora é casa um por si
    e isto faz as pessoas se achegarem -porque no final das contas estaos todos sozinhos, solitários , carentes disto
    e esta lata é tudo - temtanta coisa antiga qeu me remete a felicidade tb - que aodraria ter guradado -se soubesse que acabaria
    adorei teu post
    bjs
    lu

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  29. Olá Lucinha,
    Venho aqui, apenas para lhe desejar uma Páscoa muito, muito feliz.

    Um abraço

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  30. também lembro desta lata de óleo.
    na casa da minha mãe tinha uma assim, agora ela virou vintage rsrs


    baci

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  31. Ola Lucinha,adoro suas postagens,fico aqui a passear por horas...acho que já li quase tudo que escreveu,és muito espontanea...é como se estivessemos vivendo suas hstorias,adorooo...quando escreveu sob a moqueca capixaba,fiquei toda orgulhosa,pois sou capixaba !!! um grande abraço, e nao deixe de escrever...

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